Os textos desta secção refletem as opiniões e análises dos/as autores/as


A emergência do CHEGA em Portugal

A entrada do partido de extrema direita – Chega no parlamento após as eleições

legislativas de 2019 desafia teorias do voto de protesto e da saliência da imigração. Primeiro, Portugal atingiu níveis de insatisfação com a democracia elevadíssimos na primeira metade da década de 2010 em contraponto ao aumento da satisfação geral dos cidadãos após 2015. Segundo, os dados do Eurobarómetro revelam ainda que o tema da imigração nunca deteve saliência entre as principais prioridades políticas do eleitorado, mesmo após a suposta “crise do asilo” na Europa em 2015. Portanto, o crescimento da extrema direita dificilmente poderá ser associado a estes dois fatores.

O sucesso do Chega deve ser associado ao realinhamento do PSD em questões económicas sob a liderança de Rui Rio; a adoção de um modelo de partido marcado pela sua profunda xenofobia cultural e defesa de políticas neoliberais; e a presença de importantes aliados na sociedade portuguesa (outros pequenos partidos, meios de comunicação social, e grupos religiosos).

Texto escrito por João Carvalho, Investigador Auxiliar no CIES-ISCTE, autor da monografia intitulada: Impact of extreme Right Parties on Immigration Policy. Comparing Britain, France and Italy publicada pela Routledge em 2014 e 2016; bem como de diversas publicações sobre partidos de extrema-direita e política de imigração em revistas científicas internacionais.
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