Afinal, a habitação é privilégio ou direito?
Na Rua dos Lagares, número 25, no bairro da Mouraria, dezasseis famílias seriam despejadas pelo novo proprietário do edifício, mas não se conformaram com a expulsão.
Um grupo de pessoas reflete sobre como o neoliberalismo molda as cidades como locais de turismo, gentrificando e desmantelando o ambiente cooperativo.
Enquanto o direito à cidade se derruba, Lisboa anuncia o seu colapso e a urgência de uma nova maneira de reagir às transformações.
Em 1 de novembro de 1755, um terramoto destruiu a cidade de Lisboa. A cidade hoje treme novamente, abalada por um sismo turístico.
A Cozinha Popular da Mouraria é uma das associações que estavam no caminho de dinamizar a zona de forma sustentável, mas foi, entretanto, foi interrompida.
Um conjunto perigoso de circunstâncias está a evidenciar a fragilidade em que vive uma grande quantidade de lisboetas vulneráveis, que estão a ver a sua vida partida em duas épocas diferentes – antes e depois da gentrificação do centro.
Dona Francisca foi despejada da casa onde viveu nas últimas décadas. O local para onde foi é para ela totalmente estranho, mas terá de refazer a vida agora, com mais de 80 anos.
Cátia e Idália vivem na Mouraria e trabalham perto de casa. Atualmente, as pessoas que conhecem estão a ir embora e elas próprias esperam ordem de despejo a qualquer momento.
O bairro 6 de maio, na Damaia, onde existe uma comunidade há mais de 20 anos, está a ser demolido.
Patrícia Pedrosa e Joana Lages, da Associação Mulheres na Arquitetura, afirmam que as cidades são pensadas para uma pessoa neutra que nunca se concretiza – sem gênero, classe, raça ou qualquer outro fator de opressão previamente considerado.
